A transação reacendeu o interesse dos investigadores por conexões suspeitas entre Danielle e Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”, apontado como lobista de associações de aposentados em acordos com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Antunes é figura conhecida nos bastidores da máquina pública. Ligado ao setor de saúde suplementar, tornou-se peça-chave no esquema que favorecia entidades de aposentados. A Ambec, uma dessas associações, saltou de 3 mil para mais de 600 mil associados entre 2021 e 2023, atingindo um faturamento mensal de R$ 30 milhões. Em julho, a entidade foi alvo de operação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil. Outras duas organizações sob investigação — AP Brasil e UNASBRAS — movimentaram, juntas, R$ 25 milhões apenas neste ano. O nome de Antunes aparece como contato oficial nos processos dessas entidades junto ao INSS.
Danielle Fonteles, fundadora da agência Pepper Interativa, ficou conhecida nacionalmente após ser investigada pela Operação Acrônimo, deflagrada pela Polícia Federal em 2015. A operação apurava desvio de recursos públicos em campanhas eleitorais. A Pepper, contratada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), teria recebido pagamentos via contratos fictícios da construtora Queiroz Galvão, simulando serviços prestados à campanha de Dilma Rousseff em 2010 — uma prática característica de caixa dois.
Em sua delação, Danielle revelou ainda a existência de uma conta bancária na Suíça e uma offshore no Panamá, usadas para transações financeiras suspeitas, além de ter custeado despesas pessoais de Carolina Oliveira, esposa do então governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel.
Agora, o elo com o “careca do INSS” reacende dúvidas sobre a extensão e os desdobramentos do esquema, sugerindo que as redes de influência e enriquecimento ilícito nos bastidores da máquina pública brasileira seguem ativas — ainda que disfarçadas sob mansões à beira-mar e exílios voluntários na Europa.