Um levantamento do Projeto Brief, divulgado nesta quinta-feira (6), revelou que a Meta empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp tem lucrado com golpes aplicados contra beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Segundo o estudo, a circulação de propagandas enganosas e anúncios fraudulentos é constante nas plataformas, e a própria estrutura de publicidade da empresa favorece o ecossistema de golpes, que exploram especialmente famílias de baixa renda.
A pesquisa faz parte da iniciativa Quem Paga a Banda, que monitora mensalmente a veiculação de anúncios e estratégias de monetização nas redes sociais. Em setembro, foram identificadas 16 mil publicidades ativas na Biblioteca de Anúncios da Meta que mencionavam a palavra “empréstimo” 52% apresentavam indícios de fraude e 9% foram confirmadas como golpes.
Tipos de golpes mais comuns nas redes
Os criminosos utilizam anúncios falsos, imagens geradas por inteligência artificial (IA) e até logos de bancos reais para convencer usuários. Entre os golpes mais frequentes estão:
Empréstimos falsos e consignados: promessas de crédito fácil, sem comprovação de renda, com parcelas “em até 36x”;
Bolsa Família: falsas promessas de novos benefícios, taxas inexistentes e coleta de dados pessoais;
BPC: perfis e páginas que se passam por escritórios de advocacia para enganar idosos e pessoas com deficiência.
Os anúncios costumam direcionar as vítimas para conversas via WhatsApp, onde os golpistas pedem documentos, senhas e depósitos antecipados.
De acordo com o relatório, as mensagens exploram a vulnerabilidade de quem busca ajuda financeira, usando uma linguagem direta e emocional.
Meta lucra com anúncios fraudulentos
O Projeto Brief aponta que o modelo de negócios da Meta que depende quase integralmente de anúncios permite e se beneficia da circulação de fraudes.
“O crime opera às claras, sob a vista da própria empresa, que pouco faz para conter esse mercado ilegal, afinal, ele rende bilhões”, afirma o estudo.
Somente em 2024, 97,6% da receita da Meta veio da publicidade, segundo dados oficiais da companhia. Os anúncios são aprovados automaticamente, sem checagem efetiva sobre quem está por trás da conta.
Além disso, o relatório aponta que a moderação é lenta, permitindo que perfis criminosos retornem com novos nomes e CNPJs após bloqueios.
Procurada, a Meta não se pronunciou até a última atualização desta reportagem.
Como evitar cair em golpes
O estudo reforça algumas orientações para prevenir fraudes on-line:
Desconfie de promessas de dinheiro fácil e ofertas urgentes;
Verifique o perfil do anunciante: desconfie de contas sem selo de verificação (selo azul) ou que redirecionam para o WhatsApp;
Nunca forneça senhas, códigos ou documentos por mensagem;
Benefícios do governo não são oferecidos por redes sociais sempre confirme as informações nos canais oficiais, como o site do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS).
O Projeto Brief conclui que a combinação de desinformação, vulnerabilidade social e publicidade descontrolada cria um ambiente ideal para criminosos, e cobra maior responsabilidade das plataformas digitais na moderação de conteúdos que envolvem programas sociais e crédito popular.



























