Uma experiência inovadora de intercâmbio entre a academia e a formulação de políticas públicas uniu pesquisadores e gestores em uma oficina para analisarem as variáveis que influenciam a compra e o consumo de alimentos, especialmente ultraprocessados e in natura. A oficina on–line, que aconteceu nos dias 10 e 11 de abril, foi promovida pela Coordenação Geral de Ciências Comportamentais em Governo (CINCO), do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços (MGI), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a Universidade norte americana Virginia Tech.
A oficina foi um dos passos para a construção de um projeto que fomentará políticas públicas que contribuam na redução da compra de alimentos ultraprocessados e aumento do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados. Essa mudança de comportamento é fundamental para se combater a obesidade e é uma das estratégias para o enfrentamento da doença e do câncer, no âmbito da Estratégia de Prevenção da Obesidade para brasileiros e brasileiras (2025-2035), coordenada pelo MDS e elaborada no âmbito da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN).
Para essa ação, foram convidados seis pesquisadores de universidades distintas para um momento de escuta sobre o estado atual do conhecimento das variáveis que afetam a compra e o consumo de alimentos em supermercados e outros estabelecimentos de comércio de alimentos. O evento on–line reuniu especialistas e os servidores das quatro instituições parceiras.
Para a professora da Universidade de Brasília especialista em consumo sustentável, Solange Alfinito, “a oficina foi muito positiva e dinâmica. Fechamos uma sistematização do que foi discutido e ficou claro que há necessidade em fortalecer a comunicação com a população no que se refere à importância dos alimentos mais naturais”. E acrescenta, “um conhecimento importante exposto é o de que é possível usar técnicas de psicologia do consumidor para melhorar este processo de comunicação nos dois sentidos, mais naturais e menos ultraprocessados”.
A ciência comportamental
Como próximas etapas, o projeto analisará quais intervenções no mercado de alimentos são mais eficazes para a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e aumento do consumo de alimentos in natura, conforme diretrizes da cesta básica de alimentos, utilizando um mercado virtual experimental formatado com base no conhecimento mais atual das ciências do comportamento sobre variáveis que afetam a escolha por diferentes produtos.
As Ciências Comportamentais serão uma ferramenta potente para entender as decisões do consumidor na hora de comprar alimentos ultraprocessados ou in natura. Segundo Eduardo D´Albergaria, da equipe CINCO, “por meio de um mercado experimental virtual investigaremos as variáveis facilitadoras ou motivadoras que podem influenciar no comportamento de escolha. No caso dos alimentos in natura, buscaremos estratégias para fortalecer essas variáveis e, no caso dos alimentos ultraprocessados, fortalecer as variáveis dificultadoras e desmotivadoras”.
A CINCO é a Unidade de Ciências Comportamentais em Governo que tem o objetivo de ajudar formuladores de políticas públicas a encontrar soluções inovadoras para os desafios, utilizando as lentes das ciências comportamentais que consistem em compreender o problema, os serviços e as soluções oferecidas pelo governo do ponto de vista dos envolvidos: quem utiliza e quem presta o serviço na ponta, e então alimentar o desenho da política pública com essas informações.
Fonte: Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos