O governo federal criou um grupo para mediar os conflitos de terras envolvendo indígenas na região sul de Mato Grosso do Sul. A criação vem uma semana depois de um confronto em Caarapó.
O grupo de trabalho terá 180 dias (seis meses) para diagnosticar as causas desses conflitos. Ao final desse prazo, deverá apresentar um relatório que deve incluir estudos e levantamentos sobre áreas públicas e privadas.
Os ministérios dos Povos Indígenas, Desenvolvimento Agrário e Gestão e Inovação no Serviços Públicos vão indicar um membro cada. O representante da pasta de Povos Indígenas vai comandar o grupo.
Podem ser convidados eventualmente membros das superintendências regionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e da SPU (Superintendência do Patrimônio da União), além da Diretoria de Demarcação de Terras Indígenas da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e das coordenações regionais de Dourados e Ponta Porã.
Também podem participar dos debates o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a AGU (Advocacia-Geral da União), o MPF (Ministério Público Federal), a Defensoria Pública da União e a Aty Guasu — Grande Assembleia do Povo Guarani Kaiowá.
Conflito indígena em Caarapó
Em 25 de outubro de 2025, indígenas Guarani Kaiowá ocuparam a Fazenda Ipuitã, em Caarapó, na região sul do Estado.
De acordo com a PMMS, eram cerca de 50 indígenas na propriedade. Eles teriam expulsado o caseiro, ocupando a fazenda e iniciado o incêndio de grandes proporções. Equipes do Corpo de Bombeiros também se deslocaram ao local para prestar apoio, diante da situação de risco à segurança das pessoas.
A propriedade chegou a ser demarcada, mas o procedimento foi anulado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2014. Desde então, a comunidade indígena reivindica as terras.
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), condenou o ato e determinou que a ocupação seja investigada. Entidades que representam o agronegócio também repudiaram a ocupação.


















