Faltando apenas 10 minutos para o fim do plantão de domingo (26), a médica pediatra Erika Baldo foi surpreendida por um caso inusitado na UPA de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. A equipe da unidade a chamou para atender uma mulher que levava um bebê reborn, boneco hiper-realista que se assemelha a um recém-nascido.
“Eu fiquei chocada, não sabia o que falar. Perguntei o que havia acontecido, e ela disse que o bebê estava um pouco gripadinho e que tinha acabado de trocá-lo porque tinha feito cocô. Ela queria uma consulta”, relatou Erika ao g1.
A médica, com receio de provocar uma reação intensa, explicou à jovem — que aparentava ter entre 18 e 20 anos — que o boneco não poderia ser atendido, pois não possuía CPF nem cartão SUS. “Isso é caso de encaminhar para o CAPS, porque ela poderia estar em surto”, acrescentou.
Segundo Erika, a jovem demonstrava preocupação e cuidado com o bebê reborn, segurando-o e trocando fraldas como se fosse real. “Às vezes atendemos pacientes com surtos de mania ou confusão mental. Esse, acredito, poderia ser um caso psiquiátrico”, avaliou a pediatra.
A Superintendência das Unidades de Pronto Atendimento de Várzea Grande emitiu nota afirmando que os atendimentos devem ser destinados a pacientes que realmente necessitam de cuidados médicos, “evitando prejuízos à assistência prestada à população”.
O que é bebê reborn?
O termo, que significa “renascido” em inglês, se refere a bonecos customizados com aparência realista, inspirados em modelos antigos da Segunda Guerra Mundial. Alguns apresentam detalhes como cílios, boca, mãos e até cabelos humanos.
No Brasil, os bonecos ganharam visibilidade após um encontro de “mães e bebês reborn” no Parque Ibirapuera, em São Paulo, no início de 2025. Recentemente, um projeto de lei discutiu multa de mais de R$ 30 mil para quem usar bebês reborn para conseguir atendimento preferencial, descontos ou outros benefícios destinados a crianças de colo.
O caso em Várzea Grande chamou atenção pelo ineditismo e levanta discussões sobre saúde mental e limites dos atendimentos médicos, destacando a importância de identificar situações que possam exigir acompanhamento psiquiátrico ou psicológico.


















