O juiz Moacir Rogério Tortato, do Núcleo de Justiça das Garantias de Mato Grosso, autorizou João Gustavo Ricci Volpato, apontado como chefe do esquema que desviou R$ 21 milhões da Conta Única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), a voltar a se comunicar com a mãe, Luiza Rios Ricci Volpato. A decisão, proferida no âmbito da Operação Sepulcro Caiado, ocorre mesmo com parecer contrário do Ministério Público, que alertou para o risco de interferência nas investigações. O magistrado, no entanto, entendeu que o contato familiar não compromete a apuração e destacou que o irmão do investigado já possuía autorização semelhante.
Apesar da flexibilização, João Gustavo continua submetido a todas as medidas cautelares impostas pela Justiça, incluindo restrições de deslocamento e obrigação de justificar suas atividades ao juízo. O magistrado também determinou que ele explique em até 72 horas o motivo de não ter comparecido ao Núcleo de Garantias. Na mesma decisão, Tortato negou a devolução de um Toyota Corolla e dois celulares à investigada Claudia Regina Dias de Amorim Del Barco, por entender que o pedido tentava reabrir um prazo processual já encerrado e que os bens ainda são necessários à investigação.
A Operação Sepulcro Caiado, deflagrada pelo Gaeco, desmantelou uma organização criminosa formada por empresários, familiares e ex-servidores do TJMT, acusada de fraudar execuções judiciais entre 2014 e 2025 para desviar R$ 21,7 milhões dos cofres públicos. O grupo, segundo o Ministério Público, utilizava decisões manipuladas para liberar pagamentos indevidos e lavar o dinheiro por meio de empresas de fachada e transferências disfarçadas.
Foram denunciados 11 envolvidos, entre eles João Gustavo, seus familiares e ex-funcionários do tribunal. Caso a denúncia seja aceita, eles responderão por organização criminosa, peculato e estelionato. Para o Gaeco, o caso representa um dos maiores escândalos de corrupção do Judiciário mato-grossense, com indícios de que o rombo possa ser ainda maior do que o estimado.
